Diversidade Social
A Diversidade Social é o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. São expressões culturais, diferenças físicas, étnicas, crenças, modos de vida, classes sociais etc. O Brasil é uma das nações onde existe maior diversidade social em todos os sentidos.
- Cada indivíduo é único;
- Os indivíduos e suas sociedades estão inter-relacionados e interdependentes;
- As sociedades e culturas são dinâmicas: as mudanças podem ser rápidas ou graduais, mas irão sempre afetar diferentes membros da sociedade de modo a refletir as diferenças em termos de poder e status.
Esse é um tema bem abrangente onde há várias críticas sobre: modo de vida, renda familiar e dentre outras. Atualmente pessoas são julgadas por classe social, e por isso sofrem preconceitos por possuírem poucas oportunidades.
Moradores de rua são mais frequentes, até mesmo nas vias mais populares de cidades nobres.
E você, o que pensa sobre isso?
Moradores de rua são mais frequentes, até mesmo nas vias mais populares de cidades nobres.
E você, o que pensa sobre isso?
Qual a sua opinião diante desse fato existente em nosso meio de vida que tanto nos incomoda?
Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade
A cultura brasileira é diversificada, o que não exclui a evidente desigualdade social. A desigualdade social, uma característica marcante de nosso país, é atestada pela evidente hegemonia de uma classe social nos processos de divisão social do trabalho e de divisão da renda, além de fatores como o acesso à saúde, educação, saneamento e segurança.
Apesar de vasta e ampla, a cultura brasileira torna-se símbolo de status para as elites, que selecionam arbitrariamente aquilo que deve ou não ser consumido, relegando o que não foi selecionado para o limbo da produção cultural. Ademais, a nossa rica cultura popular faz contraste ao nosso povo, desprovido, muitas vezes, de insumos básicos para a sobrevivência.
É comum escutarmos que o Brasil é um país miscigenado, de cultura vasta e crenças religiosas sincréticas. De fato, a formação étnica do povo brasileiro ocorreu, primeiramente, com a miscigenação entre povos africanos, portugueses (que já tinham em sua linhagem traços de miscigenação entre povos diversos do continente europeu) e indígenas.
Ao longo do tempo decorrido, desde o início da república, o Brasil recebeu imigrantes italianos, japoneses, alemães e de outros países sul-americanos. Isso somente atesta que, tomando o significado de cultura por uma concepção geral que envolve os hábitos, costumes, a culinária, as crenças e o modo de vida geral de um povo, o Brasil é realmente vasto.
Porém, essa concepção diversa da cultura brasileira pode resultar em um olhar equivocado quanto à não existência de mazelas sociais, como a desigualdade social, o elitismo cultural e o racismo.
Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, aponta sua análise sobre a sociedade colonial brasileira para um rumo, no mínimo, estranho: ele fala de uma relação harmônica entre negros e brancos no Brasil Colonial, o que parece ser um eufemismo que relativiza o que realmente aconteceu – a dominação pura e simples de brancos contra negros.
A miscigenação que Freyre utiliza como dado para atestar a sua teoria nada mais foi que fruto de abusos sexuais e estupros de homens brancos contra as suas escravas e contra as mulheres indígenas. Quando se relativiza a dominação branca durante o período colonial, tende-se a apoiar um racismo estrutural que perdura até hoje.
O elitismo cultural (que apesar de toda a vastidão cultural brasileira, existe por aqui) também é fator estruturante para a manutenção das desigualdades sociais que privilegiam etnias, classes sociais e regiões.
Durante muito tempo, a Antropologia formulou teorias que tentaram justificar a existência de culturas superiores e inferiores, de acordo com o desenvolvimento fenotípico dos povos que criaram essas culturas. Uma dessas teorias é o darwinismo social, que passou a ser questionado por Franz Boas, no fim do século XIX, e somente caiu de vez a partir do estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.
Formação e diversidade cultural da população brasileira
O território brasileiro era habitado, até 1500, pelos povos nativos, chamados pelos europeus de índios. Porém, não havia apenas uma tribo ou uma vertente cultural indígena nas terras que os povos Tupi chamavam de Pindorama: eram quatro agrupamentos linguísticos diferentes (Tupi-Guarani, Jê, Caribe e Aruaque). Esses grupos étnicos eram divididos em milhares de tribos, essas divididas em aldeias. Cada tribo possuía seus costumes.
Com a captura e escravização dos povos africanos, pudemos observar uma vastidão cultural semelhante à dos povos indígenas, pois não havia uma só tribo de onde os portugueses capturavam os africanos ou uma só cultura africana. Os povos africanos eram vastos, divididos em várias tribos e de várias origens étnicas diferentes, o que conferiu à formação cultural afro-brasileira uma vastidão e amplitude tão diversa quanto à indígena.
A vinda de povos brancos, de origem europeia, para o Brasil, tanto portugueses (que por si só já tinham uma origem poliétnica) como a vinda de italianos e alemães, contribuiu para a miscigenação de nosso povo. No Brasil, surgiu uma cultura ímpar, fruto da forte miscigenação, que resultou em produtos culturais populares sem igual no mundo.
Há também em nossa terra e na formação de nosso povo o sincretismo religioso devido à mistura de crenças, o que resultou, por exemplo, no surgimento de uma religião genuinamente brasileira: a umbanda, que mistura elementos do candomblé e do kardecismo.
Leia também: Diferença entre o Candomblé e a Umbanda
Preconceito cultural no Brasil
Desde o início da colonização, um elitismo cultural reina no Brasil, pois os portugueses viam a si mesmos como superiores e os povos nativos como inferiores. O trecho transcrito a seguir atesta essa visão etnocêntrica:
“A língua deste gentio toda pela costa é uma, carece de três letras, não se acha nela f, nem l, nem r, coisa digna de espanto, porque assim não têm fé, nem lei, nem rei, e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente”i.
Mais tarde, quando os africanos começaram a ser escravizados por povos europeus, a escravidão assentava-se, igualmente, em um etnocentrismo racista e em um elitismo cultural: os europeus, brancos, julgavam-se superiores aos africanos por seus fenótipos e por suas características culturais que, no julgamento dos próprios europeus, eram superiores.
Os europeus tinham um sistema político governamental e com formação estatal, dominavam a pólvora e a escrita, além de terem moeda e iniciarem o capitalismo mercantilista. Os povos do sul desenvolveram-se de maneira diferente. Com exceção de alguns povos mesoamericanos, nativos da África e da América viviam em contato com a natureza e não estabeleciam relações comerciais nem centralização de poder.
O modo de vida dos nativos africanos e americanos era autossuficiente, e a sua cultura tinha ganhado contornos diferentes da cultura europeia. A justificação do domínio pela cultura é um forte elemento do preconceito cultural no Brasil.
Hoje, podemos falar da existência de um elitismo que culmina na discriminação daquelas pessoas marginalizadas (que estão à margem da sociedade, devido à exclusão social) e em um racismo estrutural. O racismo estrutural, muito forte no Brasil, é um tipo de racismo velado e indireto. Ele pode ser manifestado por meio de dados socioeconômicos, como os que apontam que os negros ganham, em média, 1,2 mil reais a menos que os brancos, segundo levantamento do IBGEii.
Esse tipo de racismo arrasta-se sorrateiramente desde a abolição da escravidão, que deu a liberdade por direito aos negros escravizados, mas não deu suporte educacional, econômico e de assistência básica para que aquela população pudesse organizar a sua vida. Teorias que apontam para uma democracia racial, como a de Gilberto Freyre, somente reforçaram a ideia de que estava tudo bem, quando não estava.
Por não possuir um regime de apartheid, como houve nos Estados Unidos, o brasileiro médio (em especial a população branca) cresceu acreditando que havia oportunidades iguais para negros, brancos e indígenas, quando, na verdade, nunca houve, e quem sofre com isso diariamente são os negros de classe baixa. Esses aspectos atestam que existe uma direta relação entre desigualdade social e diversidade cultural.
Diferença entre diversidade cultural e desigualdade social
Em termos de estrita interpretação, diversidade cultural e desigualdade social são completamente diferentes. Desigualdade social faz referência à diferença entre as classessociais e aos rendimentos de cada classe. Diversidade cultural faz referência à vasta quantidadede culturas diferentes existentes em um nosso território.
No Brasil, a associação entre os termos “desigualdade social” e “diversidade cultural” é possível, pois apesar de nossa diversa formação cultural, a exclusão social apresenta-se como um fator de exclusão que se manifesta, majoritariamente, por meio da diferença entre as diversas culturas que formam a população brasileira.
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